sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A onda que não da pra surfar.

 A nefasta tragédia ocorrida em Mariana (MG) no rompimento das barragens de rejeitos controladas pela empresa Samarco que é controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP não deve ser tratada como um caso isolado, ao contrário, multiplicam-se os exemplos de consequências trágicas das ações de grandes empreendimentos desde a sua construção até todo seu percurso: lucro fácil e rápido e impactos ambientais incontornáveis, táticas que deixam uma longa trilha de destruição e mortes, mas garantem o enriquecimento e a rentabilidade do empreendimento.

A onda de lama com rejeitos de minério que deslocou-se ao longo do rio Doce após o rompimento de duas barragens na região de Mariana, tem uma viscosidade desproporcional, mas ainda assim comporta-se como um fluido. Todavia, são inviáveis a utilização e a conservação da biodiversidade nas áreas afetadas. Então, as pessoas e animais surpreendidos por ela afogam-se, arrasta rochas, terra, casas, a biota e tudo o que estiver de encontro ao seu trajeto.

O rompimento das barragens de rejeitos, afetou um total de 679 km de rios, sendo 114 km entre a barragem de Bento Rodrigues até a represa da Usina Condonga, e outros 564 km entre a usina e a foz do Rio Doce no oceano, em Linhares, no Espírito Santo.



Os impactos da tragédia, com seu rastro de degradação, se somam a essa realidade que levam à tona a impunidade através do não cumprimento da legislação ambiental brasileira e da sua não aplicação. Devem servir, portanto, para mobilizar os governos e sociedade a empregar esforços para o aprimoramento das políticas ambientais, a proteção das florestas nativas, a recuperação dos ambientes degradados e o aperfeiçoamento de mecanismos de controle de atividades que possam ocasionar impactos ao meio ambiente.

Hitalo Rodrigues Borghi.

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