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Cidade de Bento Rodrigues/MG após a passagem da lama |
Tomados por Lama Criminosa
Na
tarde do dia 5 de novembro, por volta das 15h30min, aconteceu o maior desastre ambiental da história do Brasil. Barragens, com um volume que encheria 20 mil
piscinas olímpicas, contendo rejeitos de minério de ferro, se romperam. Com isso, o subdistrito de Bento Rodrigues
foi tomado pela lama. Mas não parou por ai, essa lama invadiu o rio Doce, um
dos mais importantes da região mineira e capixaba. O resultado é que pessoas
perderam seus entes queridos, suas casas e boa parte do seu território. A lama
não afetou somente a fauna e a flora do rio, como também a biodiversidade marinha. O Ministério Público de Minas
Gerais abriu um inquérito para apurar as causas e responsabilidades. A Samarco foi
multada pelo IBAMA no valor de R$ 250 milhões, porém pode, e provavelmente irá,
recorrer administrativamente.
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Presidente do IBAMA, Marilene Ramos, sobrevoando a região afetada
Duas semanas após o rompimento das barragens, o jornal BBC Brasil enviou algumas perguntas para a empresa e também fizeram uma análise do acontecido. Houve dois pontos muito interessantes nessa matéria, o primeiro é o trecho em que o advogado do Instituto Ambiental Mauricio Guetta diz que é um desafio fazer com que as multas impostas pelo IBAMA sejam de fato pagas, pois temos uma boa e avançada legislação para responsabilização, porém um grande problema de implementação no Brasil. Cerca de 97% das multas aplicadas pelo IBAMA não são pagas pelos infratores, de acordo com Guetta. |
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Mãe e filha em abrigo após perderem suas casas no desastre |
O segundo ponto importante foi pergunta que fizeram a Samarco sobre o tipo de assistência que está sendo dadas as famílias das áreas atingidas. A resposta foi que providenciaram estadias temporárias para as famílias desabrigadas, se comprometeram a pagar um auxílio financeiro, além de disponibilizarem água, cestas básicas e outros produtos básicos.
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Moradores de Governador Valadares na fila para receberem doações de água |
Porém,
na prática, a assistência não está sendo dada de forma correta. Em Governador
Valadares, por exemplo, a prefeita da cidade, Elisa Costa, afirmou que a
Samarco não enviou água potável suficiente para a população, que teve o
abastecimento de água interrompido após a contaminação do rio Doce. Além disso, o pagamento do auxílio para as 296
famílias de Mariana não foi afetuado.
Essas pessoas estão vivendo a base de doação por cidadãos voluntários se não
sabem como serão suas vidas no futuro.
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Manifestação contra a Samarco |
Diante
de tudo que foi analisado e exposto neste texto, a conclusão é que multar a
Samarco, fazer com que ela dê apenas esse mínimo de assistência para essas
pessoas é muito pouco. 29 morreram, 4 ainda estão desaparecidas, fora as
aproximadamente 500 pessoas sem abrigo. 80 espécies nativas do rio Doce, no
qual 11 eram consideradas ameaçadas de extinção e 12 existiam apenas no rio,
tiveram mortalidade instantânea após o desastre. Será que existe algo que pague
663 kilômetros de rio e 1.469 hectares
de terras destruídos? Nada que fizerem agora pode recuperar tudo que foi pedido. O que fizeram foi um crime, não um
desastre ambiental. Portanto, o governo e a população devem exigir que eles
paguem por tudo isso. A Samarco precisa apresentar um plano para amenizar os
impactos sociais e ambientais causados pela irresponsabilidade e negligencia
deles, pois até hoje apenas o governo apresentou ações dignas, que no fim é a
população quem paga, para enfrentar essa tragédia.
Discente: Mayara Martins Pereira
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